Visitar os espigueiros do Soajo com crianças é, sem dúvida, uma atividade a incluir numa viagem ao Minho.
Quem conhece o norte minhoto, sabe que os espigueiros são abundantes e é impossível não reparar neles, seja à beira da estrada, seja no centro das localidades.
Os nossos filhos nunca tinham visto um espigueiro até este verão, altura em que estivemos os quatro no Gerês. E, ao depararem-se tantas vezes com essas construções compridas, com lajes graníticas enormes, não paravam de perguntar o que eram aquelas casinhas misteriosas.
Foi assim que decidimos rumar à aldeia do Soajo, no concelho de Arcos de Valdevez, para visitar uma das maiores concentrações de espigueiros de Portugal. Pelo caminho, cruzámo-nos com a raça cachena, típica desta região.
Os espigueiros do Soajo
Os espigueiros, como o nome indica, destinavam-se à secagem das espigas do milho, protegendo-as da humidade, de roedores e de pássaros.
Entende-se, por isso, o seu formato: câmaras retangulares estreitas, com paredes rasgadas, para circulação do ar, e afastadas do solo pelas palafitas de granito.
Além disso, localizam-se em pontos mais elevados, onde o vento sopra com mais intensidade, e solarengos, facilitando a secagem dos cereais.
De notar ainda outra caraterística: as cruzes dispostas no telhado dos espigueiros, a simbolizar o pedido da proteção divina para o milho, sustento de tantas famílias daquela época.
Planear a visita aos espigueiros com as crianças
Gostamos de planear as viagens ao pormenor, mas somos muito flexíveis e não hesitamos em acrescentar lugares ou atividades de última hora aos nossos roteiros.
Na maioria das vezes, estes improvisos correm bem. No entanto, a sensação é quase sempre a de uma viagem inacabada, porque, não sendo programada, acabamos sempre por descobrir que havia um sem fim de coisas para ver e que não vimos.
Foi mais ou menos isso que nos aconteceu na visita aos espigueiros do Soajo. Primeiro, chegámos tarde à aldeia (por volta das 17H30) e o nosso alojamento estava a quase 2 horas de distância. Em segundo lugar, não obstante estarmos em agosto, começou a chover.
Por isso, com grande pena nossa, não conseguimos visitar a aldeia, nem provámos o famoso pão-de-ló. E, apesar da porta do Mezio e do seu recente baloiço estarem tão perto, também não os conseguimos alcançar.
A nossa viagem ao Soajo ficou-se, assim, pela visita à eira comunitária, com os seus 24 espigueiros, construídos ao longo dos séculos XVIII e XIX e classificados como imóveis de interesse público.
O dia estava cinzento e ventoso e a chuva surpreendeu-nos. Era hora de regressar…
Apesar disso, visitar os espigueiros do Soajo com crianças revelou-se um passeio divertido, não só pelas “casinhas”, mas também pela diversão no parque infantil, mesmo ali ao lado.
Fica a promessa de aqui voltarmos, de preferência, num belo dia de outono ou primavera, sem chuva e sem os turistas que, em agosto, abundam em todas estas paragens.