Minas da Recheira: mineiros por um dia

por Andrea Gil
2 comentários
Minas da Recheira

A Quinta das Minas da Recheira é um complexo turístico que resultou da recuperação de uma antiga mina, nos arredores da Covilhã, um concelho com larga tradição de exploração mineira.

Dado o caráter inovador deste projeto, desde a sua abertura que planeávamos visitar as Minas da Recheira e podemos afirmar que superou todas as nossas expetativas.

História e localização

As Minas da Recheira localizam-se no Barco (concelho da Covilhã), numa quinta que alberga uma antiga exploração mineira. Localmente, esta mina também é conhecida por “Mina do Alemão”, uma vez que foi explorada por uma companhia alemã, nas décadas de 60 e de 70.

Depois de quase meio século inativadas e ao abandono, estas minas reabrem agora portas, sob a forma de um projeto tão rico quanto os minerais outrora aí extraídos.

Entrada da Quinta das Minas da Recheira

O centro de interpretação mineiro

A nossa visita às Minas da Recheira começou no Centro de Interpretação Mineiro. Neste espaço, ficámos a conhecer a história destas minas, bem como os projetos que estão previstos para este empreendimento.

Centro de interpretação mineiro
Centro de interpretação mineiro

Ouvidas as explicações, foi hora de nos equiparmos a rigor: coletes e capacetes para todos, de forma a garantir uma visita em segurança.

Equipamento Minas da Recheira
Equipamento cedido durante a visita

Apesar de estarmos ansiosos para percorrer as galerias e nos cruzarmos com os morcegos que lá habitam, foi impossível resistir à beleza do espaço exterior.

De facto, a vista que a varanda do centro de interpretação oferece, para a Serra da Estrela e para o rio Zêzere, é magnífica.

A entrada nas galerias

O momento que mais aguardávamos nesta visita era, sem dúvida, a entrada numa das galerias das Minas da Recheira, uma estreia para todos nós.

Foi, pois, com entusiasmo que os miúdos anunciaram a entrada na mina, fazendo soar a buzina da antiga vagoneta. Este momento e a companhia do gato Chico, ao longo da visita, fizeram as delícias dos visitantes mais novos.

Uma nota importante: enquanto avançamos na galeria, vai aumentando a escuridão e baixando a temperatura, o que no início sabe bem, especialmente se estivermos no verão. Contudo, aconselhamos que se façam acompanhar de um agasalho, pois no interior da mina pode ficar bastante frio.

O trabalho na mina

A visita às Minas da Recheira faz-se em partes de três galerias recuperadas e adaptadas para receber visitantes.

Desta forma, é possível observar as rochas perfuradas (Xisto das Beiras) e os filões de quartzo mineralizado, de onde se extraíam o volfrâmio e o estanho.

Identificar os filões era uma parte fundamental do trabalho mineiro, pois a rocha era perfurada de acordo com a orientação dos mesmos.

Outro aspeto que nos surpreendeu foram as enormes chaminés de ventilação, pois permitem-nos perceber a profundidade a que nos encontramos.

Para além das explicações do guia, os utensílios da época e os vários manequins existentes ajudam a compreender melhor como era o trabalho mineiro.

Adicionalmente, os miúdos tiveram ainda a oportunidade de acender um gasómetro original em cobre, que era a iluminação dos mineiros da época. Este momento foi muito interessante, pois permitiu uma autêntica viagem no tempo.

O salão mineiro

Mas as Minas da Recheira não oferecem apenas a possibilidade de conhecer, de forma lúdica e divertida, o que foi a atividade mineira da região.

Quem gosta de fugir à normalidade, pode usufruir do surpreendente Salão Mineiro para organizar os mais diversos tipos de eventos. Desde a celebração de aniversários, e outras efemérides, à degustação de produtos regionais, tudo é possível neste espaço.

Maturação de vinhos e espumantes

Uma atividade que nos agradou bastante, e certamente a todos os amantes de enoturismo, é a possibilidade de se realizar uma prova de vinhos, no interior de uma galeria. E isto é possível graças à parceria com a Almeida Garrett Wines, um produtor de vinhos deste concelho, ligado à quinta geração do célebre escritor.

Mas esta não é uma relação recente, uma vez que a família Almeida Garrett já fornecia vinhos a granel, em pipas de madeira, aos mineiros da antiga “Mina do Alemão”.

Almeida Garrett Wines

Passados mais de cinquenta anos, os vinhos e espumantes voltam a estas minas para um estágio de maturação. Com efeito, na profundidade das galerias, encontram as caraterísticas ideais de temperatura, humidade e outras, para resultados de excelência.

Cenário digno de filme

Provavelmente, já demos motivos de sobra para visitar das Minas da Recheira, todavia este artigo ficaria incompleto se não mencionássemos também o exterior das minas.

A montanha perfurada com as entradas para as galerias, os carris que serpenteavam a serra e as vagonetas que outrora transportaram os minerais tornam este espaço mágico. Não admira que este complexo tenha sido escolhido para servir de cenário às filmagens da série da RTP1 “A espia”.

Por último, não podemos esquecer toda a natureza que rodeia a Quinta das Minas da Recheira e que conferem a este lugar uma paz que só percebe quem por lá passa.

Por isso, se tiver oportunidade, faça como nós: visite a região e agende uma visita às Minas da Recheira.

Informações úteis

  • Site: https://minasdarecheira.pt/
  • A visita à Quinta das Minas da Recheira requer marcação prévia;
  • Pode comprar os ingressos aqui;
  • Leve roupa e calçado confortáveis;
  • Para lá chegar, siga as indicações das sinaléticas;
  • Onde ficar: sugerimos a Quinta do Ragal, em Lavacolhos.

Esta visita foi realizada a convite das Minas da Recheira. Não obstante, os meus comentários são totalmente independentes.

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2 comentários

Luciana 27/08/2022 - 16:14

Tão perto de mim e ainda não conheço! Tenho de tirar um bocadinho para ir visitar!

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Andrea Gil 27/08/2022 - 16:25

E agora no verão sabe tão bem! As galerias são muito fresquinhas 🙂

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